terça-feira, 3 de agosto de 2010

Sexualidade: o que é isso?


Segundo o dicionário Aurélio** , sexo é a “confirmação particular que destingue o macho da fêmea, nos animais e nos vegetais, atribuindo-lhes um papel determinado na geração e conferindo-lhes certas características distintivas”. Como se vê, mesmo nesse sentido restrito, que privilegia o significado biológico do termo, o sexo não se limita à função reprodutora e aos aspectos anatômicos e fisiológicos da genitalidade. Também são referências sexuais os traços físicos e os comportamentos característicos que distinguem o gênero a que pertença cada indivíduo sexuado. No ser humano, além da herança biológica é preciso considerar aspectos psicológicos e espirituais, bem como expectativas e exigências culturais e socioeconômicas que condicionam a vida sexual.

Como esse sentido amplo e complexo, desenvolveu-se o conceito mais abrangente de sexualidade, significado uma das dimensões de expressão do ser humano em sua relação consigo mesmo e com o outro e, por isso mesmo, impossível de se dissociar da afetividade.

Firmada em sua base biológica, desenvolvida na convivência social e alimentada pela imaginação, a sexualidade é uma energia forte e mobilizadora que impulsiona o ser no sentido de suas preferências e escolhas, concretizando-se na comunicação. Está presente nos desejos e na fantasia, manifestando-se por meio dos sentidos, no gesto, no toque, na voz, na sensações. Impregnada de emoção, é construída pela história pessoal de cada um, num determinado contexto social e compõe sua maneira de ser, participando da afirmação da sua identidade.

Segundo a mais antiga tradição bíblica, a motivação divina para a criação da mulher foi a atenuação da angústia da solidão vital do homem, consagrando-se, dessa forma, a natureza sexual da humanidade, cujo objetivo não seria apenas a procriação, mas a conquista da felicidade. A busca do bem-estar e do prazer, que tem acompanhado toda a história do homem e da mulher na face da Terra não se limita à satisfação genital.

Diferentemente do que ocorre com os outros animais, a sexualidade humana volta-se para o encontro de um outro personalizado, gerando um sentimento muito especial: o amor. Trata-se de uma escolha que enriquece e dá sentido à existência, situando-se muito além da simples atracão de fundo biológico. O prazer erótico, uma exigência do corpo, e o amor, uma necessidade afetiva, são expressões da sexualidade que se completam.

O ser humano é um todo que ama, sofre ou se regozija, vivendo as emoções que a vida lhe proporciona. Sua sexualidade integra a vida afetividade guiada pela razão e, por isso, muito influenciada por crenças e valores de cada pessoa. Valendo-se do diálogo e da criatividade, orienta-se no sentido do bem-estar do outro, sem perder sua dimensão de geradora da vida, fator de perpetuação da espécie.

O exercício do sexo, porém, em seu sentido mais restrito, não é essencial à plena realização humana. A pessoa pode estar bem com sua sexualidade e não ter parceiros sexuais, não gerar filhos. Embora a biologia determine o sexo e a cultura estabeleça normas de comportamentos social, cabe a cada um usar a liberdade para traçar seu caminho e escolher sua conduta sexual.



* COSTA, Antônio Carlos Gomes da [et.al]. Afetividade e Sexualidade na Educação: um novo olhar. Fundação Odebrecht e Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais. Belo Horizonte: Rona, 1998.
** FERREIRA, Aurélio Burque de Holanda. Dicionário aurélio eletrônico v. 2.0.Software de Márcio Ellery Girão Barroso, baseado no Novo dicionário da língua portuguesa. São Paulo, Nova Fronteiraa,1996

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